SUA MAJESTADE O REI DA TAILÂNDIA
COMEMORAÇÕES DE 60 ANOS NO TRONO
(3ª PARTE)
Desde a pintura, fotografia, escultura, desporto de vela, desenho e construção, Sua Majestade o Rei Bhumibol demonstrou excepcional sensibilidade e talento apurado. Durante o seu reinado de 60 anos patrocinou numerosos projectos e incentivou os seus súbditos a segui-lo.
Foi denominado um “homem de lentes” pelo seu apurado gosto pela a fotografia. Desde os tempos de sua meninice o Príncipe Bhumibol principiou a colocar as fotos em álbuns. Estas, além de temer sido imagens que foram trazidas a público, têm servido a Sua Majestade para recordar fases de sua vida e da Família Real (nota do autor: sempre vimos, no “écran” do televisor Sua Majestade, quando em visitas, aos meio rurais, carregar a máquina fotográfica pendurado ao pescoço e, de quando em quando recolher imagens do que observava.)
O gosto pela fotografia de Sua Majestade é hereditário. O Rei Rama V, Chulalongkorn, seu avô, pode considerar-se o Pai da fotografia no Antigo Reino do Sião, poder-se-ão, ver-se, nos dias de hoje, várias fotografias publicadas em livros de imagens obtidas,
Principalmente a membros da Família Real. Seu Pai O Príncipe Mahidol de Songkhla tinha, igualmente, como seu Pai o Rei Chulalongkorn o gosto da fotografia. No entanto a Princesa Mãe não lhe é descurado o gosto pela fotografia. As imagens que hoje existem dos Príncipes, seus filhos: Princesa Galyani Vadhana, Príncipes Ananda e Bhumibol e seu pai, o Príncipe Mahidol são obra da Princesa Mãe.
A Princesa Mãe de quando estudante de enfermagem no Hospital Siriraj, em Banguecoque, nasceu em si a vocação e paixão pela fotografia. A estudante de enfermagem no Hospital de Siriraj não possuía, ainda, máquina fotográfica. Observou a magia das mesmas e que afinal as imagens não poderiam ser, apenas a dos espelhos, na água cristalina, mas conservadas no seu real todo e imprimidas no papel.
A Princesa Mãe seguiu para os Estados Unidos para completar os seus estudos de enfermagem, quando tinha 18 anos. Comprou, ali, a sua primeira máquina: “Brownie Box” fabricada pela “Easteman Kodak” (nota do autor esta máquina, por anos, é conhecida em Portugal pelo nome: “caixote Kodak”. Voltou popular e a máquina de gente de poucas posses). A paixão e o “hobby” da Princesa Mãe é a fotografia e mais tarde desenvolveu em sua casa o “cinema fotografia” e mais tarde, pelo seu mérito, ingressou na “Real Associação dos Fotógrafos Amadores de Banguecoque” cujo Presidente era Sua Majestade o Rei Rama VII.
Sua Majestade o Rei Bhumibol, cresce assim entre as máquinas fotográficas; visto as fotos obtidas pelo seu avô o Rei Rama V; as fotos que sua Mãe de quando bébé lhe havia tirado, seu Pai e irmãos foi naturalíssimo que a Sua Majestade jamais se lhe tenha apartado o desejo da fotografia e pela vida adiante o fazem um viciado na imagem.
Aos oitos anos o pequeno Príncipe pretende ser fotografo (qual miúdo de sua idade se lhe perguntasse o queria ser quando fosse grande, talvez, respondesse querer ser bombeiro ou cozinheiro, sem ainda possuir na mentalidade a certeza de ser aquilo que dizia, mas aquilo que o seu mundo de fantasia lhe permitia), um adolescente com pensamento e inteligência de adulto, o Príncipe Bhumibol é presenteado, pela Princesa Mãe, com o máquina fotográfica “Coronet Midget.”
O pequeno Príncipe nas primeiras experiências fotográficas, não se saiu lá grande coisa, segundo a Princesa Galyani Vadhana descreve na sua obra: “Chaonai Lek Lek, Yuwa Kasat”.
As primeiras cinco ou seis imagens, obtidas, pelo Príncipe Bhumibol redundaram em grande tragédia e obviamente o sofrimento de uma criança que pretende ser fotógrafo!
A única fotografia que se aproveita, na primeira sessão, foi tirada por alguém que não foi o Príncipe.
Longe morava o desaire do Príncipe apesar de as primeiras imagens com a “Coronet Midget”, não terem saído lá grande coisa. Continuou a desenvolver suas habilidades; procura informações junto de fotógrafos profissionais e com isto o Príncipe e depois Rei voltou num excelente fotógrafo.
Décadas depois e o mundo da fotografia ter entrado no sistema automatizado e na digitalização, Sua Majestade gosta de operar máquinas com a nova tecnologia. Não dispensa, porém, os filmes 135 e 12o milímetros, operando com máquinas sem a exposição de velocidade e luz. Sua Majestade continua, nos tempos que correm, a obter imagens com as sua antigas máquinas e calculando a abertura e a velocidade da lente ao objecto a fotografar.
Aos 13 anos, O Príncipe Bhumibol, em 1941 e cinco anos mais tarde, tirou muitas fotos a seu irmão, Sua Majestade o Rei Ananda. Entre as quais figuram fotos históricas e os sons das palavras, do Rei Ananda quando proferia discursos a multidões de seus súbditos nas províncias: Pak Nam, Samut Prakarn. Príncipe Bhumibol usou, para a gravação, um microfone de carbono.
Na colecção de fotos do Rei Bhumibol figuram os murais pintados nas paredes do Templo de Esmeralda Buda”. Fotos que serviram ao Rei para aprender a composição da fotografia na luz e aprendizagem de outras técnicas fotográficas.
Sua Alteza o Príncipe Chakrabandhu Bensiri Chakrabandhu uma vez recordou uma visita do Príncipe Bhumibol a um estabelecimento, especializado, de vendas de máquinas fotográficas na Suíça:
“Em cima do primeiro dia, o Príncipe comprou uma máquina naquele estabelecimento. Umas semanas depois voltou lá e fez umas quantidades de perguntas ao empregado que o atendeu quando adquiriu a máquina. Depois das informações obtidas do primeiro, que não o satisfizeram, procurou outro, empregado de balcão que mais uma vez não soube responder às perguntas do Príncipe. Foi então que uma terceira pessoas do mesmo estabelecimento o elucidou das dúvidas que o Príncipe Bhumibol tinha e decidiu comprar várias lentes e outro equipamento para lhe satisfazer os requisitos, necessários para obter imagens, fotográficas, de alta qualidade”
Depois dessa altura o Príncipe Bhumibol, só, aprende todos os segredos de operar máquinas fotográficas; inventa as suas próprias técnicas e atinge o auge de um amador profissional na arte de produzir imagens e passá-las ao papel após a revelação.
Sua Majestade o Rei Bhumibol, criou filtros especiais, uma parte são na cor azul e outras laranja. Aconteceu depois uma série de fotos maravilhosas que surgem em cor natural, onde o céu azul é natural e a leveza, da tonalidade, da cor de fundo. Especializa-se noutras técnicas uma das quais são os ângulos e o largamento.
Desenvolveu e construiu a seu gosto o “quarto escuro” no rés-do-chão” do palácio “Au Sau Building”, onde operava a estação de rádio fundada por Sua Majestade. No quarto escuro Sua Majestade, revelava, fotos a preto/branco e a cores.
Num excerto escrito, num livro, da Princesa Maha Chakri Sirindhorn escreve:
“ Eu observei por diversas vezes Sua Majestade tirar fotos e vi depois que personalizava as imagens com um número. Mais tarde ordenava à Guarda Real que as colocasse num álbum.
Nesses álbuns figuravam todas as fotos de família, de seus filhos Príncipes desde quando eram bebés até à idade da maturidade. É me difícil encontrar uma foto minha, do tempo de criança e só me aparece depois de desfolhar uma quantidade de vários álbuns.
No conteúdo desses álbuns figuram interessantes fotografias de cerimónias Reais; pinturas de murais no Templo de Esmeralda; imagens de cenários e de visitas de Sua Majestade aos meio rurais. A colheita de imagens por Sua Majestade são para ele documentos de grande importância: por exemplo a recolha, geográfica, de um local onde ali poderá surgir um canal ou uma barragem. Algumas vezes essas imagens têm planos horizontais, outras “olhos de pássaro”, capturadas por aeronaves ou helicópteros. Esses documentos, vivos, são usados por Sua Majestade para a continuação das suas iniciativas para o desenvolvimento rural e, com isto a melhoria de vida dos seus súbditos tailandeses.
Ocasionalmente e quando o projecto real foi completado, Sua Majestade tira fotografias aos oficiais encarregados do projecto mostrando, assim, o seu reconhecimento, pela completação da obra.
Muitas fotos de Sua Majestade reflectem o seu bom senso, bem como a cativação filosófica que as imagens encerram. Todas as imagens são diferentes na expressão e técnicas. A proficiência de suas imagens são bem conhecidas e por vezes Sua Majestade convida um júri para avaliação, como num concurso, as suas fotos.”
Nas viagens de Sua Majestade por toda a Tailândia uma das cenas, populares, que os tailandeses já se acostumaram a observar é a do Rei com a máquina fotográfica com a correia à volta do pescoço, uma caneta nas mãos e um mapa.
A máquina não está limitada a obter fotografias de excelente qualidade mas uma peça de trabalho e indispensável ao monarca para resolver certos e complexos problemas como o de terminar com a pobreza de alguns meios rurais com a construção de novos projectos para melhorar a condição de vida dos habitantes ou para resolver o escoamento das águas que durante a quadra das chuvas as cheias os aflige.
As fotos de Sua Majestade, são depois despachadas às autoridades que gerem as populações e a informação correcta como os problemas deverão ser resolvidos. Príncipe Prem Purachatra, pouco depois de Sua Majestade o Rei Bhumibol ter sido entronizado solicitou-lhe autorização para que fotos suas fossem publicadas na revista/jornal “Standard”, de Banguecoque. Mais tarde, Sua Majestade, falando da sua colaboração na imprensa e da tença, real, de 100 bhat lhe foi atribuída: “Nunca recebi qualquer aumento”, falando em termo caçoante.
“A título de curiosidade nos nossos arquivos, históricos e, após termos conhecimento do facto que fotos de Sua Majestade o Rei tinham sido publicadas em revista/jornal “Standard”, fomos à procura das mesmas e encontramos três: as edições: de 11 de Junho de 1959,1960 e 1961, com vários textos e fotografias publicados, inclusivamente honras a Portugal a totalidade das primeiras páginas. Não deixa porém de se registar o cuidado dos representantes diplomáticos acreditados na Tailândia Encarregados de Negócios: Passos de Gouveia, Grainha do Vale e Rebelo de Andrade de fornecer à redacção da “Standard”, importante e não menos patriótica, informação, relativa ao nosso país. As primeiras páginas encabeçavam “Friendship With Portugal” (Amizade com Portugal) e no interior, além de se referir à epopeia marítima, lusa, dá conta das belezas naturais de Portugal e os seus monumentos históricos.”Insere numa das páginas a foto do Primeiro-ministro, Prof. António de Oliveira Salazar, que em 1960 recebeu com todas as honras os Reis da Tailândia em Portugal”
UMA JUVENTUDE EM PROCURA DO SABER
Sua Majestade durante a sua juventude e um autodidacta, um Homem de ideias que as concretiza. É um músico compositor de grande mérito; fotografo; um técnico que acompanha as novas tecnologias da época; escultor e pintor. Entre 1959 a 1967, Sua Majestade produziu mais de 60 quadros onde se incluem esculturas. Nessas obras está patente o expressionismo; o abstracto e o impressionismo.
O pintor, tailandês Uab Sanasen definiu-o:
“Cada quadro de Sua Majestade existe uma inconfundível reflexão de sua força. As suas expressões são espontâneas e demonstra a sua personalidade. Isto mostra-nos que é um Homem com energia e resoluto na criação dos seus quadros.”
O interesse de Sua Majestade pela pintura vem-lhe da data de 1937-1945, quando vivia em Lausana, Suíça mas só uma nos depois começou a pintar.
Sua Alteza a Princesa Galyani Vadhana no seu livro: “Chaonai Lek Lek, Yuwa Kasat”, Sua Majestade deu-me conta da data de quando começou a iniciar-se na pintura e aconteceu no ano de 1946 quando acompanhados do Rei Ananda vieram da Suíça à Tailândia para uma visita real. A Princesa Mãe presenteou o Príncipe Bhumibol com todos os apetrechos relativos à arte de pintura: a prancha, os pincéis, as tela e as tintas.
Sua Majestade decidiu-se pela experiência de pintar vários quadros e alguns deles são vendidos, em leilão, cujas receitas são destinadas a instituições de caridade. Junto às obras de pintura, são oferecidos para o mesmo fim: fotografias e modelos, reduzidos de barcos e aeroplanos que Sua Majestade tinha montado.
Sua Majestade explora as suas técnicas em livros de arte onde figuravam obras de artistas de renome. Livros que ia comprando ou o presenteavam. Na Tailândia recebe conselhos de vários artistas visitando os seus estúdios e discutindo com eles as diversas técnicas. Eventualmente, Sua Majestade vai adquirindo, com a maturidade, o seu estilo próprio na arte de pintar.
Entre os seus conselheiros de arte estão: o Sr. Bhiriya Krairishka, que tivera a oportunidade de ter estudado com o expressionista Oskar Kokoschka de nacionalidade austríaca. Trabalhou ao lado de Sua Majestade e muitas das suas obras foram exposta na galeria “ National Art Exhibition”. Outros conselheiros de Sua Majestade destacam-se os artistas: Hen Vejakorn, Kien Yimsiri, Chamras Kietkong, Fua Haripitak, Paitoon Muanggsmboon, Chuladhat Bayakaranondha e Chalerm Nakhirak.
Igual a qualquer artista, amador ou profissional Sua Majestade prefere a liberdade da imaginação e colocando de lado a influência na criação dos seus quadros. Tanto usa a luz natural como a artificial, mas usualmente prefere pintar ao entardecer e pela noite fora.
Pede aos seus filhos Príncipes e a sua Real Esposa a Rainha Sirikit que lhe sirvam de modelos. Muitos dos seus quadros da sua colecção são obras “portrait” onde figura a Rainha Sirikit. Entre as numerosas obras de Sua Majestade figuram dois notáveis quadros. Um é de seu Pai o Príncipe Mahidol e outro de um mulher idosa..
Em 1982, na celebração do bicentenário da fundação da cidade de Banguecoque, o “Fine Arts Department” (Departamento das Belas Artes) obteve a permissão de Sua Majestade para expõr 47 de suas obras do conteúdo das 60 na Galeria Nacional. Foi a primeira vez que suas obras são exposta ao público.
Sua Majestade, depois das técnicas na arte de pintar, estudou, também, a de modelar e a fundição do bronze. Em 1966 fundiu a estátua do Buda com a expressão “Subduing Mara” com 9 polegadas de largura nos joelhos. Decorou a base com pétalas de flores de lótus.
Uma série de estátuas de Budas, são fundidas e partem da “matriz” modelada por Sua Majestade. Entretanto Sua Majestade, tem a intenção de fundir 100 estátuas de Budas e serem colocadas, em altares, uma em cada província da Tailândia. Essas santidades é lhes dado “Buda Navarajbopitr”.
O Mestre Artesão
Para as gerações que tiveram a oportunidade e testemunhas do momento de quando Sua Majestade o Rei Bhumibol ganhou a Medalha de Ouro, juntamente com Sua Altesa a Princesa Ubolratana na prova de vela OK “Fourth South East Asia Peninsular Games” em Dezembro de 1967, bem se lembra do júbilo e orgulho da população da Tailândia pelo facto do seu Monarca e sua filha Princesa mais velha Ubolratana ( em português pronuncia-se: Ubolrataná) ter ganho uma importante prova de vela onde estão envolvidos atletas locais e estrangeiros.
A embarcação que veio a vencer foi imaginada, desenhada e construída por Sua Majestade o Rei Bhumibol dentro dos muros do Palácio. A sua obra ganha fama internacionalmente, volta uma legenda e foi patenteada no Reino Unido com o nome “Mod”.
A intuição de Sua Majestade, como todas outras criações que levou à obra, vem lhe dos tempos de criança. Sua Majestade nasce e vive numa época em que no mundo estavam a surgir as novas tecnologias. O Príncipe Bhumibol cresce na Suíça num mundo onde a perfeição de tudo é um facto. A criança Príncipe não descura as invenções que dia a após dia aparecem num país já industrializado.
Está mais virado para a criação do que envolver-se na leitura das histórias aos quadradinhos que começavam a invadir o cérebro das crianças e levá-las ao mundo da fantasia irreal. A Princesa Mãe incute-lhe que coloque à prova a sua imaginação e crie e construa os seus próprios brinquedos. Sob os conselhos da Princesa Mãe e mercê do seu espírito imaginativo o Príncipe Bhumibol constrói brinquedos de velhos cabides onde aproveita o arame. Constrói pequenos barcos de pedaços de madeira e, não só embarcações de recreio mas também réplicas de barcos de guerra e aeroplanos.
Em 1946 quando o Príncipe Bhumibol, acompanhado de seu irmão Sua Majestade o Rei Ananda, visitaram Banguecoque, foram leiloadas réplicas de barcos da “Marinha Real Tailandesa”; da era de Aiutaá e um modelo de aeroplano.
Atingiram verbas consideradas para a época de 20 e 10 mil baht!
Sua Majestade entronizado Rei e no vigor dos 30 anos construiu um protótipo de um barco de desporto à vela. O primeiro teste é levado a cabo num lago de sua sua residência oficial o “Palácio Chitralada”. A obra não lhe saiu como o desejaria. Em 1964 Sua Majestade acerta os erros e vem à luz um modelo perfeito e a seu gosto que o baptiza “Rajptain”.
Em 1965, Sua Majestade o Rei Bhumibol entra numa competição, com o “Raiptain” onde está, também a competir o Duque de Edinburg (marido da Rainha Isabem II de Inglaterra). O traçado marítimo é de Pattaya a Kho Larn. Sua Majestade não para na construção de barcos da classe OK e produz uma série de “dinghies” (pequenos barcos) para competirem, internacionalmente na classe OK. Saiem dos estaleiros reais, entre os muros Palácio Chatrilade: o Navaruek, Veca 1, Veca 2 e o Veca 3.
Depois da construção destes pequenos barco da classe OK, Sua Majestade não estagna a os projectos navais de desporto. Assim nascem para a Classe Moth: “Moth”, “Super Moth” e “Micro Moth”. Nestes barcos de recreio e desporto à o desenho de uma nova criação de Sua Majestade.
Na mente de Sua Majestade o Rei Bhumibol de quando criou os pequenos barcos à vela, estes não são apenas para sua prática do desporto, mas sim para entusiasmar os jovens, tailandesas, para os incentivar ao desporto náutico.
José Martins
Continua
RETALHOS DE MINHAS MEMÓRIAS (DE ESCREVINHADOR) NA TAILÂNDIA
SUA MAJESTADE O REI DA TAILÂNDIA
COMEMORAÇÕES DE 60 ANOS NO TRONO
(4ª PARTE)
Nasceu de uma família de profissionais de medicina. Seu Pai o Príncipe Mahidol dedicou, depois de se ter licenciado em medicina nos Estados Unidos a minimizar os males que afligiam os seus doentes. Para o Príncipe Mahidol não havia classes, cor ou credos. A todos assistia e ao ponto de chegar a doar o seu sangue aos que dele necessitassem.
Suas Majestades os Reis da Tailândia, Bhumibol e Sirikit durante uma visita à província de Narathiwat no sul da Tailândia, encorajando os deficientes.
A Princesa Mãe nasceu vocacionada para exercer a enfermagem e durante o percurso de sua vida, até, à sua morte, a “velha senhora” (além de ter sido um mãe exemplar na educação dos seus três filhos) dedicou todo o seu dom de caridade em favor das populações, tailandesas, menos protegidas nos pontos mais remotos da Tailândia, como assim, outro carinho muito especial, à natureza e às flores de jardim ou silvestre.
Sua Majestade o Rei Bhumidol apercebeu-se, desde a juventude, que era de primordial importância a saúde e o bem-estar do povo tailandês. Dedica parte do seu reinado em longas digressões aos meios rurais. Usa todo o tipo de transportes, helicóptero, veículos de tracção às quatro rodas para chegar às aldeias remotas e algumas encravadas nos contrafortes das montanhas. Navega em canoa nas regiões alagadiças.
Em todos os percursos o Rei tem um mapa debaixo do braço, uma caneta nas mãos e, junto às autoridades do local dá-lhe ideias e instruções como a obra deve ser iniciada.
Tem sido assim desde que foi entronizado.
Sua Majestade o Rei da Tailândia mantém um constante interesse pelo desenvolvimento da ciência médica. Nas visitas aos meios rurais visita as unidades hospitalares para se inteirar do funcionamento
Junto ao monarca, algumas vezes, está Sua Majestade a Rainha Sirikita ou a sua filha a Princesa Maha Chakri Sirindhorn que vai fazendo apontamentos no seu inseparável bloco de notas.
Nos anos recentes Sua Majestade tem estado activo e preocupado pela preservação do meio ambiente, desenvolvimento dos meios rurais e na conservação e aproveitamento das águas aconselhando que devem ser construídas mais barragens ou represas.
Como acima se referiu foram instalados, por toda a Tailândia, clínicas nas aldeias a fim de permitir uma assistência de primeiros socorros com a maior prontidão.
Em todas as viagens que Sua Majestade efectua aos meios rurais com ele segue uma equipa de médicos e enfermeiras para cuidar dos súbditos que lhe vêm prestar vassalagem e cuidar dos seus males se porventura os tenham. Nos locais em que S.M. faz uma paragem mais longa, às pessoas é lhes verificada a tensão arterial a febre e os estado dos dentes.
Mas se um súbdito necessita de cuidados especiais médicos, Sua Majestade ordena que esse doente seja enviado e admitido no hospital mais próximo para ser tratado. Sua Majestade tem praticado estas acções beneméritas desde há muitos anos.”
A reserva e conservação da qualidade da água tem sido uma preocupação, premente de S.Majestade. Foto do lado direito: um invento de S. Majestade para oxigenar a água, dos lagos e indispensável para a vida das espécies, aquáticas, peixes e crustáceos
Médicos funcionários dos serviços de saúde são distribuídos por diversas províncias, tailandesas cuja finalidade é o estarem mais próximos das pessoas e assisti-las. Graças a Sua Majestade foi criado um departamento: “Cuidados de Saúde Básicos”. Aparte desta instituição do Ministério de Saúde, Sua Majestade, instruiu o pessoal da saúde que instruam as pessoas para que estas aprendam os cuidados preliminares de saúde, a fim de se precaverem de contrair doenças.
Depôs da Segunda Guerra Mundial as doenças mais frequentes na Tailândia era a tuberculose. No país não havia sanatórios e acontecia que os doentes em suas casas infectavam os seus familiares. Sob os auspícios de Sua Majestade foi criada a “Sociedade Antituberculosa”, construídos sanatórios para prevenir que a doença se ramificasse.
É construído um prédio a que lhe foi dado o nome de seu pai “Mahidol Wongsanusorn” e instalada a “Red Cross Science Division” para produzir vacinas BCG. Mais tarde a UNICEF abastece-se, ali, de vacinas para serem usadas em países da Ásia.
Durante o reinado de Sua Majestade o Rei Bhumibol efectuou numerosas visitas às zonas fronteiriças entre a Tailândia, Camboja e Laos para se inteirar da situação dos seus súbditos, dado que esses territórios estavam flagelados, não só pela guerra dos países vizinhos, assim como de insurgentes, tailandeses, comunistas
Depois, em parte, ter eliminado a tuberculose, Sua Majestade tem em sua monarquia outro problema, de saúde, para resolver e erradicar é a lepra que de rompante contagia as populações de aldeias nos anos de 1950/1960. São, então, construídas, leprosarias, as pessoas infectadas internadas.
A doença da lepra, nos dias actuais, está completamente banida na Tailândia. Há outra enfermidade o Pólio, na altura, que afecta as crianças e foi eliminado mercê o interesse do Rei. Reaparece nos anos de 1990 dado aos milhares de refugiados, fugidos de uma guerra de genocídio e são acolhidos fronteira entre os dois países. Imediatamente e a conselho de Sua Majestade o Rei Bhumibol é lançada uma campanha de vacinação de sucesso. Apenas uma criança contraiu a doença.
Desde 1946 Sua Majestade tem injectado milhões de dólares, vindos dos seus fundos, privados, em diversos programas de saúde. A Cruz Vermelha, foi uma das primeiras beneficiadas e desde então tem sido umas das instituições que tem merecido um constante cuidado de Sua Majestade. Funciona dentro dos seus muros um laboratório para a produção de vacinas. Um “Banco de Sangue” desde 1969 cujo sangue chega a quem dele necessita absolutamente grátis. Pelo país, anualmente, são salvas, milhares de vidas.
Nota do autor: “no ano de 1978 e de quando a minha primeira visita a Banguecoque adoeci do estômago. Uma namorada de nome, Luang Tong Lim Kató, que casualmente tenha conhecido uns dias antes levou-me ao Hospital da Cruz Vermelha. Depois de o médico me ter examinado; em seguida entregou-me a receita para os remédios; com a rapariga fomos buscá-los à farmácia do hospital. Quando perguntei quanto custava a consulta e remédios responderam-me: “que não custavam nada!” Ficou comigo esta agradável história de hospitalidade na minha primeira visita à Tailândia...
Sua Majestade faz chegar a todo território agências da Cruz Vermelha que funcionam como centros de investigação e cura de doenças. Existe a malária junto às fronteiras com a Birmânia, Laos e Camboja que é premente fazer-lhe o combate e erradicar o mosquito, infectado com o vírus.
Hoje na Tailândia são raros os casos do aparecimento de malária na população onde se inclui as zonas fronteiriças. Sob o financiamento de Sua Majestade são, também, criados centros de investigação e prevenção de doenças junto às universidades, escolas vocacionais e de educação primária para que os jovens estudem em estado sadio.
A Princesa Mãe, durante a sua longa vida a servir o Povo tailandês, parte das suas economias são destinadas para bolsas de estudo para jovens estudantes se irem especializar no estrangeiro. Hoje a Tailândia possuem uma classe médica, jovem, altamente profissionalizada quer na clínica geral como noutras especializações.
Para os desfavorecidos, economicamente, o Governo tailandês criou há uns quatro anos o sistema de pagamento, de consulta e medicamentos, a irrisória quantia de 30 bhat (menos de 40 cêntimos de um euro), nos hospitais do Estado.
Nota do autor: entretanto os serviços médicos e hospitalares, particulares, na Tailândia voltaram famosos na Ásia média, Oriente e extremo, não só pela qualidade como pelo êxito da cura. Todos os dias chegam dezenas de pessoas dos países árabes, a Banguecoque, em procura do alívio e cura das suas enfermidades.
Sua Majestade o Rei da Tailândia depois do falecimento de sua Mãe e em sua memória criou a “Fundação Ananda Mahidol” para continuar a financiar a Obra da princesa Mãe de continuar a enviar, com bolsas de estudo, estudantes de medicina ao estrangeiro e especializarem-se no estrangeiro.
O REI E A EDUCAÇÃO
Quando Sua Majestade ascendeu ao trono em Junho de 1946, a Tailândia encontrava-se na recuperação dos efeitos da 2ª Guerra Mundial, tinha, justamente terminado havia, apenas, um escasso, ano. Embora a Tailândia não tenha estado envolvida na guerra o sistema educacional estava desarranjado e as crianças tais limitavam-se aos primeiros estudos preliminares nos templos budistas. A primeira universidade da Tailândia a Chulalongkorn foi planeada pelo Rei, do mesmo nome da instituição, e seu avô.
O falecimento em 1910 não lhe deu tempo para concluir a obra. Seria depois seu filho, o Rei Vajiravudh que o sucedeu, no trono, a inaugurá-la em 1917. Durante a 2ª Guerra Mundial, a Tailândia, os japoneses pressionaram, em 1939, o Primeiro-ministro Phibul Songgram, (um jovem oficial, ambicioso, que em parceria com Pridi Phanomyang, civil educado em França que estabeleceram, através de um “golpe de estado”, sem sangue o regime da Monarquia Constitucional, em 1932), para que suportasse o Japão ocupando o território.
O objectivo da ocupação da Tailândia pelo Japão não era mais tão pouco mesmo para construir um caminho-de-ferro que ligasse o porto de Singapura (já ocupado pelos nipónicos), à Birmânia e deste território à Índia. O Estreito de Malaca além da presença dos submarinos britânicos, o mar estava infestado de minas que tornava impossível, navegável aos barcos japoneses atingirem por mar a Birmânia e a Índia.
Os japoneses concentram-se na província de Kanchanaburi, com eles estão 100.000 prisioneiros de guerra, pertencentes às tropas aliadas que foram capturados em países da Ásia e Sudeste Asiático, e que foram utilizados na construção das infamantes obras: Caminho-de-ferro e a ponte sobre Rio Kuei apelidadas: obras da morte, onde morreram devido a doenças e subalimentadas milhares de soldados e trabalhadores.
A Tailândia durante esse período fora por diversas vezes bombardeada a capital Banguecoque e objectivos estratégicos na província de Kanchanaburi e com isto muita escola foram destruídas. O sistema educativo, fica assim em completa desordenação e os alunos, com suas famílias refugiam-se longe dos alvos estratégicos das bombas.
Depois da guerra uma massiva renovação é levada a efeito. Muitas escolas, construída a partir de madeira, sofreram os efeitos de grandes cheias e foram totalmente destruídas e são renovadas com o cimento e os tijolos. A guerra tinha provocado uma fenda no sistema educativo e os estudantes absorvem, durante os estudos, um parco conhecimento escolar.
Alguns, obtêm o diploma de licenciamento sem a preparação ou mínimos requisitos de conhecimento da especialidade que escolheram. Era, apenas, um estatuto, pessoal, académico perante a sociedade em que estavam envolvidos.
Seis anos mais tarde a Tailândia é reconhecida, internacionalmente, como a nação líder com melhor “standard”, entre a população, educativo de toda a Ásia. Em meados da década de 1950/1960 e graças a Sua Majestade o Rei Bhumibol, que transformou o sistema escolar na Tailândia, passado pouco mais de meio século, 63 milhões de tailandeses escreve e lêem o que corresponde a 99% da totalidade da população.
O maior feito, heróico, no período de seis décadas efectuado dentro da educação não teria chegado a bom porto se não tivesse havido a contribuição de Sua Majestade o Rei Bhumibol. O pobre, o privado de se deslocar pelos seus próprios meios motores, as minorias étnicas que vivem no norte da Tailândia, de raça ou credos têm a liberdade de acesso à educação desde a primária à secundária ou universitária.
Em meio século a visão de Sua Majestade construiu uma sólida estrutura que muito contribuiu para o desenvolvimento de uma nação onde há paz e harmonização entre as gentes tailandesas e outras inseridas de cultura e religião diferentes.
Dentro do reinado de Sua Majestade grande número de escolas foram construídas em remotas áreas. Os estudantes têm conseguido excelentes classificações sejam de escolas, orfanatos, dependentes que necessitam ajudas de outrem para se locomoverem.
Distantes dos meios populacionais e em remotos lugares, Sua Majestade garantiu aos alunos a mesma educação ministrada aos jovens alunos, e membros da família, na escola privada “Wang Klaikangwol”, em Banguecoque, que chega a esses lugares remotos via satélite. O Rei estabeleceu o projecto “Phra Dabos” que promove e ajuda a desenvolver as vocações manifestadas em jovens sem ser necessário a preparação tradicional noutros centros educativos.
A Tailândia não se viu livre da tentativa da infiltração do comunismo e insurgência de simpatizantes. Porém Sua Majestade, nesses períodos difíceis nunca deixou de visitar as fronteiras entre a Tailândia,Laos e Camboja nos anos conturbados.
A Tailândia não seu viu livre da “saga” e da infiltração da doutrina comunista no Sudeste Asiático que viria a “desgraçar” os povos da Birmânia, Vietname, Laos e Camboja. Na Tailândia sugiram os simpatizantes da política da “cortina de ferro”. As zonas fronteiriças foram infestadas por insurgentes, comunistas, que atacavam aldeias e assassinavam pessoas.
Muitas crianças viviam nas áreas devastadas pela morte, doenças e ausentes da educação. Sua Majestade visitou essas áreas nos princípios de ano de 1960, e preparou o início de uma vida diferente para essa juventude vítima de um sistema político que não germinou no mundo.
Um número, considerável de escolas nas áreas afectadas e protegidas pela polícia que patrulhava as picadas ao longo das fronteiras (nota do autor: passamos nelas em 1987, quando como fotógrafo/correspondente, mais o jornalista Nuno Rocha do extinto semanário “O Tempo” fomos fazer uma reportagem na fronteira tai-cambodja aos três campos de refugiados, cambodjanos, onde haviam 170 mil perseguidos do regime do famoso “facínora” Pol Pot”) que regularmente eram visitadas por Suas Majestades o Rei e a Rainha Sirikit e a Princesa Mãe.
De 1963 a 1974, Sua Majestade mandou construir 9 escolas para crianças nas aldeias das tribos do norte da Tailândia. Mais 31 são construídas, cujos custos são suportadas pelos fundos, pessoais de Sua Majestade e destinadas aos filhos dos funcionários dos serviços florestais sediados em áreas remotas a fim de preservarem as florestas, dos fogos e da “pilhagem”. Cria a “Fundação Navaruek” também estabelecida com seus próprios fundos e destinadas ao ensino secundário de jovens.
Seguem-se igualmente a construção de escolas nos tempos budistas sob a administração de monges. A iniciativa de Sua Majestade é pelo facto de que as crianças, nos meios rurais, devem ter a aprendizagem primária escola, entre os muros dos templos a fim de conjugar o ensino e a religião.
Em 1962 a Tailândia foi fustigada pelo “Ciclone Harriet” que devastou 12 províncias.
Uma pequena aldeia situada na beira-mar, Laem Talumpuk (arredores de Nakhon Si Thammarat) os ventos do ciclone bateram fortemente a pequena povoação que causou a morte de mais de um milhar de pessoas. Uma terrível tragédia que destruiu templos, escolas, casas e as plantações. Sua Majestade, não perdeu tempo e ao microfone na emissora “Au Sau Radio” que ele mesmo tinha fundado, e dá início ao peditório que atingiu mais de 11 milhões de baht.
À campanha foi lhe dado “Making Merit with King”. Parte da contribuição, conseguida, é destinada para assistir aos órfãos que perderam os pais na catástrofe. Ainda ficou uma importância para a criação da fundação: “Rajaprajanugroh” que entra em acção a obra de benemerência em 1963. A fundação não tarda a construir escolas na área afectada, cujas instalações ficam providas de camaratas, cantinas, para os estudantes que perderam os pais ali residirem.
Mas outra preocupação de Sua Majestade é os órfãos de pais vitimados pela SIDA e manda construir a escola “Rajaprajanugrob 33”, na província de Lop Buri. Serve para educar os órfãos e acomodá-los. Seguem-se outros projectos, similares, nas montanhas do norte.
Quando o Tsunami devastou 6 províncias no sul da Tailândia em 2004, as crianças, voltam novamente a sofrer. Muitos perderam os pais, os condiscípulos, os amigos e também os professores em escassos minutos.
A fundação “Rajaprajanugrob” é primeira organização humanitária que se encontra no terreno a prestar assistência aos vivos e a piedosa missão de recolha dos mortos. De imediato foram construídas quatro novas escolas para 1.200 crianças.
José Martins
CONTINUA....
Fontes: várias e tradução livre da inglesa para a portuguesa pelo autor.
RETALHOS DE MINHAS MEMÓRIAS (DE ESCREVINHADOR) NA TAILÂNDIA
José Martins
SUA MAJESTADE O REI DA TAILÂNDIA
COMEMORAÇÕES DE 60 ANOS NO TRONO
(5ª PARTE)
Um Rei de um Povo; um chefe de família que tem servido de exemplo aos seu súbditos. Para nós, velho residente no Reino da Tailândia, habituei-me a ver e a seguir a Obra deste enorme Homem, que nasceu para ser Rei e guiar o seu Povo o da Tailândia.
Para Sua Majestade não foi fácil vencer os tempos difíceis que se lhe depararam. Aos dois anos de idade perdeu seu Pai, o Príncipe Mahidol, vocacionado para médico e que a morte o levou aos 35 anos. A sua alma de criança não entende, ainda, a orfandade.
Igualmente ainda não se apercebe que a monarquia tailandesa vive momentos conturbares, em 1932, um grupo de jovens estudantes suportados com bolsas concedidas pela Casa Real levaram a efeito um “golpe de Estado” (sem sangue) que levariam a ser elaborada uma nova constituição passando da “Monarquia Absoluta” para a “Monarquia Constitucional”. Seu tio o Rei Prajadipop, abdica e exila-se em Londres sem nunca mais retornar à Tailândia. Seu irmão o Príncipe Ananda, mais velho que ele é a pessoa, em linha real, hereditária, para ser entronizado Rei.
Rei Ananda
Mais um golpe terrível envolve o Príncipe Bhumibol. O Rei Ananda, seu irmão é assassinado, em 1946 no seu quarto, em circunstâncias estranhas, que nunca foram conhecidas. Dois príncipes, dormem no mesmo quarto; crescem e estudam juntos em Lausana na Suíça. Eles, compartilham, os seus brinquedos, os seus instrumentos musicais, as bicicletas que pedalavam a caminho da escola; a música e os noticiários transmitidos pela “galena” que o Príncipe Bhumibol construiu.
Sua Majestade o Rei Bhumibol foi entronizado e substitui seu irmão o Rei Ananda. A Guerra Mundial tinha chegado ao fim um ano antes. O Rei adolescente terá que colocar à prova todos os dotes de inteligência que o seu ser encerra. Um Rei que está sentado no trono não para o deleite mas para fazer algo do melhor para os seus súbditos. Sua Majestade o Rei Bhumibol pertence à linhagem de dois Grandes Monarcas: o Rei Mongkut seu bisavô e o Rei Chulalongkorn seu avô.
S. Majestade o Rei Mongkut e Princípe Chulalongkorn
O Rei Mongkut vê-se a braços com a ambição de países da Europa que pretendem mudar o curso da monarquia tailandesa colonizando-a. Os dotes diplomáticos do Rei Mongkut e ensinados ao Rei Chulalongkorn levou a que a monarquia tailandesas se mantivesse até ao segundo milénio um reinado independente próspero, farto e de paz.
Na década de 60, do século passado, Sua Majestade o Rei Bhumbol, segue os passos de seu avô e empreende uma viagem de cortesia e diplomática ao mundo ocidental. A apoteose dispensado, nesses países, a seu avô o Rei Chulalongkorn, já havia mais de meio século, é-lhe igualmente retribuída. O Rei e a Rainha Sirikit são recebidas com todas as honras nos países da Europa e Estados Unidos.
Portugal recebe os Reis da Tailândia com a melhor das hospitalidades que poderiam ser oferecidas a uns monarcas. Lisboa vestiu-se de gala. Tal não poderia ter sido melhor. Era o tributo de um país aos Reis da Tailândia de um amistoso e salutar relacionamento de quase 450 anos, desde 1509, quando os portugueses se estabeleceram uma comunidade na antiga capital, Aiutaá, do Reino do Sião.
Sua Majestade tem pela sua frente uma guerra que terá de a vencer com moderação, sem que seja deteriorado o relacionamento diplomático com os países, seus vizinhos: o Camboja, o Laos e o Vietname. A ideologia comunista instalou-se no Sudeste Asiático. A Tailândia não se viu livre das cédulas infiltradas na mata e no “pantanal”. As cédulas estão, não só, nas aldeias junto à fronteira como nas instituições de ensino secundário.
Sua Majestade o Rei da Tailândia terá que colocar á prova os seus dotes para amenizar a infiltração das células comunistas como procurar controlar o regime, do Governo, que se inclina para uma ditadura militar. As elites, feudais, existem na sociedade tailandesa que que encostadas ao regime, imposto, ou aos militares tentam construir uma sociedade menos justa. Sua Majestade está com o seu Povo e menos com as elites.
Suas Majestades os Reis da Tailândia
O Povo adora o seu Rei e 60 milhões de tailandeses não podem dispensar a presença do seu Rei e da Rainha em suas casas. Uma foto de Suas Majestades está sempre presente na parede da residência de cada família tailandesa. Presença que não é imposta, demagogicamente ou forçada, pelos Governos, para adorarem ídolos falso. É o Povo que deseja o seu Rei a sua Rainha em suas casas (na minha casa também se encontra).
Temos um Rei nos pontos remotos na Tailândia a interessar-se em melhorar o viver de suas vidas; é um Rei que eliminou as plantações da flor da papoila que produz a substância, assassina o ópio e essas terras, encravadas na montanha, voltaram em jardins de vida. Crescem as flores, os vegetais; os pés de cafeeiro; os morangos; as maçãs e as vinhas que produzem vinho ou deliciosas uvas de mesa.
Um Rei que conduz um seu “jipe”, nunca se separa da sua máquina fotográfica; vemos o Rei na montanha, nos arrozais alagadiços a navegar numa canoa; montado numa “mula” nos carreiros tortuoso e sinuosos do “Triangulo Dourado” para que chegue à remota povoação onde vivem, isoladas, as “tribos” que anos atrás se dedicavam ao cultivo e produção do ópio e actualmente agricultores graças ao Rei.
S.Majestades os Reis da Tailândia num meio rural
Um Rei com o dia-a-dia ocupado e a estudar formas que melhorem a vida dos seus súbditos. Ajudam o Rei sua mulher a Rainha Sirikit, a Princesa Maha Chakri (a Princesa dentro do coração de todos tailandeses), o Príncipe Herdeiro e mais duas Princesas Reais, que todos os dias existem inaugurações e eventos, que os tailandeses não dispensam a presença de um membro da Casa Real tailandesa.
Em 1992 o povo tailandês viu se envolvido, num conflito politico social. Milhares de banguecoquianos, estão envolvidos numa disturbaria cujo final redundou com a perda de mais de uma centena de vidas. Na altura, o autor esteve envolvido, como repórter, jornalista, dos acontecimentos, para a “Tribuna de Macau” e a “Rádio Renascença”.. Por várias vezes no terreno dos confrontos entre a polícia e a população.
Terminou num banho de sangue no dia 19 de Maio de 1992. O dia ficou assinalado na história: “Maio Negro”
MEMÓRIAS DE UM JORNALISTA
No dia 17 de Maio de 1992 transmitia a peça para a “Tribuna de Macau”:
“Hoje vai realizar-se no Parque Sanan Luang e na Avenida Rajadamnen um ajuntamento de dezenas de milhares de manifestantes. Uns a favor do General Suchinda, outros contra sua nomeação como Primeiro-ministro. Haverá concertos musicais organizados pelo novo Governo. Há uma semana tem sido levado a cabo no Sanan Luang cerimónias budistas e que deveriam terminado ontem, mas foram estendidas para mais três dias. Os manifestantes contra o Governo e liderados por Chamlong Srimuang, nas manifestações anteriores usaram “retretes móveis” e pertencentes ao município de Banguecoque. Os militares deram ordem para que fossem confiscadas e armazenadas nas instalações dos quartéis. Este problema está a afligir a oposição e pedem aos militares que lhe devolvam isso.
Um general coloca o aviso que se existir violência, esta será retaliada. Não estando fora de hipótese de ser usada chuva artificial.
“Maio Negro” de 1992. Militares e barreiras de arame farpado
Comentários dos editorialistas da imprensa: “ “Judjement day for Suchinda” – “Manipulation the press seems held back by traditional categories of criticismo.” – “How long can Suchind survive in office? “ – “He has limited choices and not on of them is favourable to him.” O “guru” Kukrit Pramoj (antigo, PM, democrático) afirma: “Suchinda nunda resignará debaixo de pressão.” “Huge City protest to top action nationality.” “Government accused of hiding Toilets in bid to toward protest.
Vai haver hoje e prolongar-se-á pela noite dentro. Uma mistura de gente nos locais do costume onde se têm realizado os protestos contra Suchinda. Ali existem espectáculos para todos os gostos: política, religião e concursos de música pop. Porém não deixará também de haver negócio e propaganda de produtos, que oportunistas aproveitam, quando há ajuntamentos de muita gente.”
José Martins
No dia 18 de Maio de 1992 transmitia a peça para a “Tribuna de Macau”
E “Rádio Renascença” pelo telefone.
“Depois de protestos de mais de um mês pelo facto de se autonomizar-se Primeiro-ministro o General Suchinda, a violência eclodiu ontem no princípio da noite e prolongou-se até à madrugada de hoje. Carros da polícia foram incendiados depois do confronto entre manifestantes liderados por Chamlong Srimuang e as forças da ordem.
O General Suchinda depois de ele próprio se nomear Primeiro-ministro, após as eleições de 22 de Março, último, tem sido alvo de numerosos protestos da oposição e do público em geral, pela razão de existirem fortes indícios de ligações com as Forças Armadas que não pretendem de abdicar da sua interferência em todos os Governos eleitos democraticamente.
O General Suchinda, partiu ontem de manhã para o norte da Tailândia, em visita aos meios rurais.
A fim de destorcer a manifestação chegaram ontem a Banguecoque centenas de pessoas de várias províncias com transporte gratuito oferecido pelo Governo do General Suchinda.”
Junto à peça inseri uma nota:
“ Liguei a televisão às 3:30 da manhã. Contra o habitual as estações de televisão estava a difundir diversos programas, entre os quais o festival de música pop organizado pelo Governo. Seguem-se imagem que entretanto gravei: confrontos violentos entre a polícia de intervenção, armados de bastões e viseiras protectoras de material plástico. Retiraram-se, pouco depois, dado que não conseguiram suster o Povo. Após a retirada das forças policiais, os manifestantes, voltam carros, carrinhas e camiões da polícia, com paus partem-lhe os vidros e ateiam-lhe o fogo. Não se viram feridos, ou disparos de tiros. As câmaras registaram, apenas um polícia a sair de um hospital depois de ter sido tratado dos ferimentos.
“Maio Negro” de 1992. Militares carregam sobre o Povo
O caos reinava nas avenidas, penso junto ao Sanan Luang, aonde os manifestantes se dedicavam a vandalizar os carros da polícia. Noutras imagens vêm-se uma larga quantidade de carros em chamas.
Nada ainda se pode prever, qual será a reacção dos militares, já que o General Suchinda tem forte apoio das Forças Armadas, em especial do Comandante-em-chefe General Kaset, nomeado pelo Suchinda depois de ter deixado o alto cargo e assumir as funções de Primeiro-ministro, cujo Povo tailandês não o aceita. Conforme o desenrolar dos acontecimentos de hoje os irei transmitindo. De momento não se pode ainda avaliar quais as consequências. Novo Golpe de Estado? Resignação de Suchinda? Por agora tudo ainda é uma incógnita o futuro político da Tailândia.”
José Martins
Segunda peça transmitida no dia 18.05.1992
“Contra o habitual, os matutinos “Bangkok Post” e “The Nation” ainda não se encontravam à venda nas bancas às 6:30 da manhã. Creio que sairão mais tarde, para darem uma maior cobertura aos acontecimentos de violência registados ontem pela noite adiante até de madrugada na praça “Sanan Luang”.
Por notícias obtidas através da televisão às 6 da manhã e quando me preparava para sair de casa, foi imposta na Tailândia a “Lei de Emergência” e não pode have, nas ruas ou praças ajuntamentos de mais de 10 pessoas, sujeitas a serem detidas se tal vier acontecer.
“Maio Negro” de 1992. Olhos tristes e muita ansiedade
Ainda não se pode futurar, se novo Golpe de Estado já foi levado a cabo e em que mãos está o Governo.
Seguirão mais detalhes, quando ler os jornais. Estarei, pela rádio, em contacto para que mais possa informar.
Gravei toda a desordem emitida pela televisão, não sei se foi filmado por um amador já que não aparece no “écran” o nome e número do canal. Foi a primeira vez que a televisão transmitiu uma insurreição igual a esta na Tailândia. Na última manifestação, há uma semana, deu algumas imagens, quando os manifestantes se preparavam para abandonar o local.”
José Martins
Terceira peça transmitida no dia 18.05.1992
“Por informações recebidas neste momento pelo telefone, e fornecidas por minha mulher de casa. Um comunicado, transmitido pela televisão, informa que as repartições do Estado estarão encerradas, hoje, assim como as escolas. A oposição irá avistar-se com o Governo para que a situação seja discutida.
Seguirão detalhes
José Martins
Quarta peça transmitida no dia 18.05.1992 – 7:30 da manhã
“O jornal “The Nation”, publica fotografias em que se podem considerar dramáticas a espancarem os manifestantes na avenida Radjamnem, esta madrugada.
Encabeçam os títulos: “Protesters battle police”- State of Emergency Declared”- Scores of people injured ‘ Troops poised to smash rally”- “Pressman caught in crossfire of missiles” – Army Chief threatens to use force” – “The night police turn vandals”.
O que a Lei diz sobre o “Estado de Emergência:
“Podem as autoridades entrar em qualquer residência e proceder a buscas; deter qualquer pessoa se as autoridades entenderem que esta pode pôr em risco a segurança do país.
“Maio Negro” de 1992.Ao outro dia do “massacre”
Proibir qualquer pessoa de sair do país, se estiver debaixo da alçada das autoridades.
Chamlong Srimuang está já a ser acusado de culpa da violência e responsável pelos ferimentos de 10 polícias . Ainda sem fontes concretas, um polícia foi fatalmente ferido.
Nota minha: “penso e debaixo do Estado de Emergência, Chamlong Srimuang deve ser detido. Certamente sobre ele vão ser imputadas culpas pela danificação de dezenas de viaturas da polícia e dos bombeiros.
Nas fotografias publicadas pelo “The Nation”, uma mostra um manifestante de mãos postas a pedir complacência à polícia. Fotografia com um sentido humano profundo. Um homem está ferido na cabeça, o sangue escorre-lhe pela face abaixo e ensopa-lhe a camisa. Para mim, já está eleita a fotografia do ano, e o grito da democracia, frágil deste país que vive debaixo da bota militar pretoriana como o foi nos tempos áureos de Roma.
“Bangkok Post”, às 8 horas, ainda não se encontrava nas bancas à venda. Telefonei para a redacção e informaram-me que sairia mais tarde. “The Nation” apenas duas cópias foram distribuídas na banca onde o compro todos os dias. Tive sorte apanhei uma! Tenho fortes suspeitas que o “Bangkok Post” tenha sido apreendido. Estranho também o número reduzido de cópias do “The Nation”. Pouco mais se saberá de concreto sobre as informações reais dos acontecimentos, próximos já que o “ Estado Emergência” controla tudo que tem sido publicado. Por agora e creio por todo o dia é só isto.
José Martins
Os banguecoquianos viviam horas difíceis e de incerteza quais seriam os próximos acontecimentos. Jornalistas, fotógrafos tailandeses e estrangeiros eram espancados e as máquinas de filmar e fotográficas eram estilhaçadas contra o solo pelos militares. Era perigoso ir-se para o terreno e tomar-se nota dos acontecimentos. Para recolher informações utilizei o telefone e fui ligando para pessoas conhecidas e amigas residentes em Banguecoque para me informarem como se encontrava a situação nos seus bairros. Não havia confrontos em lado nenhum.
“Maio Negro” de 1992. Os jornais dão conta de um morto e outro ferido (estrangeiros) com gravidade. Obra do exército tailandês.
Os habitantes estavam em suas casas e na expectativa daquilo que iria acontecer. A ordem de recolher estava estipulada para que depois de o anoitecer ninguém poderia circular. Esporadicamente, já altas horas da noite, em alguns pontos da cidade eram ouvidos tiros. Veio a saber-se depois que “pobres diabos”, empregados de hotéis quando terminavam os seus turnos e regressados em motoretas eram alvejados com balas.
O “China Town” (onde reside a comunidade chinesa), os estabelecimentos estavam encerrados. O bairro movimentado, praticamente, durante as 24 horas dos ponteiros dos relógios, estava deserto. Os negociantes de ouro chineses tinham trancado, a sete chaves, o ouro em barra e trabalhado nos cofres. Havia o receio dos assaltos e a contigua pilhagem.
José Rocha Dinis director da “Tribuna de Macau” pelo telefone pedia-me se era possível eu deslocar-me ao lugar, ou nas proximidades, onde se tinham acontecido o “massacre”. Recusei-me dado que tinham sido molestados e espancados jornalistas estrangeiros e locais. Dois cidadãos da Nova Zelândia tinham sido atingidos pelas balas disparadas pelos militares. Um nos cuidados intensivos, a debater-se pela vida, num hospital de Banguecoque e outro abatido com um tiro no pescoço.
Não se podia prever que futuro, político esperava à Tailândia. Até que na noite de 21 de Maio de 1992 um raio de luz e de esperança pairou! Sua Majestade o Rei da Tailândia chamou ao palácio o Primeiro-Ministro, general Suchinda (o homem mau) e o general Chamlong Srimuang. Os dois políticos, sentados em cima das pernas e no soalho de uma sala do Palácio em frente de Sua Majestade o Rei Bhumibol e disse-lhe: “ a Tailândia não é propriedade vossa mas dos tailandeses e fostes vós os causadores da morte de pessoas e dano de propriedades de civis e do estado”
A audiência foi transmitida por todos os canais de televisão e estações de rádio.
Sua Majestade o Rei da Tailândia transmitiu aos causadores da rebelião: a Tailândia não é propriedade vossa. Na foto: Generais Suchinda (1) e Chamlong Srimuang (2). Nº 3 General Prema Conselheiro do Rei Bhumibol
No dia 22 de Maio transmitia, pelo telefone, para a rádio Renascença, quando em Portugal seriam umas duas manhãs a seguinte peça:
»» Depois da tempestade a bonança. A intervenção do Rei da Tailândia veio a por termo às manifestações de protesto contra o general Suchinda. O Suchinda e o líder dos manifestantes Chamlong Srimuang, foram chamados ao Palácio Real, e juntos, ouviram as palavras do monarca tailandês, que continua a ser a força máxima deste país. Apesar da lei de recolher ter sido imposta das 9 às 4 da manhã, os protestos continuaram, em grande escala na Universidade Aberta de Ramakueng, e outros pontos da cidade mas com menos dimensão.
Banguecoque, às sete da manhã de hoje, começa a entrar na normalidade. As manifestações terminaram. Vêm-se já sorrisos de confiança nas pessoas e orquídea fresca à venda nas ruas.
Que sirva de lição este “massacre”, aos déspotas desta área do globo e que não repita mais as “selvajarias” de dizimação de pessoas, que gritam por liberdade e mais Justiça. Que não surjam mais “massacres” levados a cabo na China, em Timor-Leste e agora na Tailândia. Que as ideias “pretorianas” de alguns militares acabem de vez.
José Martins em Banguecoque»».
Balanço de vítimas, segundo o diário “Bangkok Posto” de 21.09.1992:
46 Mortes confirmadas
699 Pessoas desaparecidas onde se incluem, mortas e feridas.
Chegou, graças a S. Majestade o Rei, a paz à Tailândia que até ao ano presente (2006), além dos confrontos, habituais, entre homens na arena política, foi posta de parte que os militares (assim o prometeram) se envolverem nos assuntos do Governo.
A democracia, a harmonia, progresso e o desenvolvimento económico jamais estagnou.
José Martins
A seguir: 6º e última parte
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