FLOR DE LA MAR
A Bela Adormecida
Adormecem, nos abismos dos sete oceanos, barcos portugueses que na procura de outras terras e seguindo o espirito da obra do Infante D. Henrique que aspira (e conseguido) fazer de Portugal um império comercial no contexto das nações do Velho Mundo.
Mas, embora a Obra do Infante fosse concretizado, a grandeza do fruto, expansionista, do seu sonho, não viria a conhecer, o filho de D. João I e D. Filipa de Lencastre, não foi bastante, a sua vida para observar a glória dos tão poucos e da tão grande Obra que doaram a Portugal e consequentemente ao Mundo, da época, ligando o conjunto de etnias; dar-lhes uma nova forma de vida após a descoberta da rota marítima pelo Cabo da Boa Esperança ao oriente e Américas.
O Grande D, Afonso de Albuquerque, animado pela realidade da profécia do Infante, envolve-se no projecto megalómano e arrojado de conquistar os mercados Orientais, depois da tomada da praça de Goa, em 1510, navegar mais ao Sul do Mar de Andaman e adquirir a administração de Malaca; a permuta de mercadorias, ali transaccionada, vindas de todo o Oriente.
A Flor de la Mar, nau de 400 toneladas, construída em Lisboa em 1502. Neste ano e sob o comando de Estevão da Gama (irmão de Vasco da Gama), sulca os mares em direcção à India. A segunda viagem acontece em 1505 e, ao dobrar o Cabo da Boa Esperança sofreu um rombo no casco e, reparada em Moçambique. Participa na conquista de Ormuz, em 1507, na batalha de Diu, em 1509 e na conquista de Goa em 1510 e em 1511 na conquista de Malaca. Afonso de Albuquerque utilizou-a para transportar de Malaca, o espólio tomado na conquista do entreposto comercial rico e o mais significativo de toda a Àsia.
A nau não venceu a tormenta que pairou no estreito de Malaca, na noite de 20 de Novembro de 1512
Ficou sepultada a “bela adormecida”, na base do mar com: ouro, pedras preciosas, obras de arte, mercadorias exóticas, adornos que depois da morte do grande capitão, da Índia, desejaria que estes servissem de vaidade e decoração fúnebre do seu mausoléu.
A Flor de la Mar e a suposta localização, serviu nos anos de 1989 a 1992, assunto discutido e publicitado na imprensa, escrita, do Sudeste Asiático é dá motivo a contravérsias onde se afirma, sem fundamento, que a Malásia disputa com a Indonésia os salvados nas entranhas das águas do estreito. Entretanto, Robert Marx, de nacionalidade americana e um caçador da recuperação de tesouros, que segundo se constou dispendeu 20 milhões de dólares no projecto de trazer â superfície da água as riquezas da nau.
Afirmou ter luz verde para iniciar as operações de salvamento do espólio e, segundo as suas declarações: “o barco mais rico desaparecido alguma vez no mar; com a certeza que a bordo tinham sido carregados 200 cofres de pedras preciosas; diamantes pequenos com a dimensão de meia polegada e com o tamanho de um punho os maiores”.
A nau da desventura continua adormecida, embalada pelas ondas, ao sul do mar de Andaman há 490 anos.
Até quando?
Talvez até sempre.
A última viagem da nau
Embarcadas mulheres, artesãs, hábeis na arte de bordar o fio de seda. Jovens dos dois sexos, filhos de nobres do Cabo de Camorim, para servirem a Rainha Dona Maria no Paço da Ribeira.
Finas decorações trabalhadas em madeira de Sândalo e Rosa, barras de ouro puro, ornamentos que serviram de cobertura no dorso de elefantes, nas grandes cerimónias quando o Sultão de Malaca os montava. Liteiras ricas de uso pessoal do sultão, revestidas a prata e ouro fino. Dois leões em ferro, retirados da tumba de um sultão de Malaca, para servirem, depois da morte de Albuquerque, guardas do seu túmulo em Goa.
Um infindável montante de pedraria, para depois meticulosamente seleccionadas para oferecer ao Rei Dom Manuel. Esta oferenda seria o testemunho da conquista e gratidão para com o Rei Venturoso de lhe ter conferido a honraria de Vice-Rei da Índia. Junto, com tão fino espólio, ía uma espada, cravada de diamantes e um anel de rubi, oferta do Rei do Sião a Dom Manuel I, presente do monarca siamês, pelo encetamento das relações recentes. Unicamente, foi apenas isto, que o grande Albuquerque conseguiu salvar, a sua vida e de mais quatro pessoas.
A Malásia e a Indonésia o tesouro afundado
A fortuna suposta existir na naufragada nau, partida em dois quando fustigada pelos “maus ventos” naquela noite trágica foi motivo, de entrevistas e sem valia de veracidade das disputas entre os Governos malaio e indonésio. Um e o outro reclamam o direito ao espólio afundado. A querela: guerra fria e surda, supostamente nunca teria existida foi incrementada nos anos 1991/92: Tudo isto se ficou a dever ao sensacionalisno, da divulgação, dado pelos jornais de alguns países do Sudeste Asiático.
O jornalista Tony Wells na revista “Skin Diver” escreve um artigo que cobre várias páginas e na capa: “80 biliões de dólares perdidos e descobertos”. O articulista historia Malaca, dá-o como o mais rico porto de toda a Ásia e alonga-se no naufrágio da Flor de la Mar. A peça, é ilustrada com várias fotografias onde estão porcelanas decorativas e uma estátua, a saltar à vista como se fosse de ouro
Não houve provas que os objectos tivessem sido da nau de Albuquerque. Rumores, circulados, as peças teriam sido compradas num antiquário e mais não serviram para uma notícía de cariz impostora. A té ao momento não há uma sólida evidência da localização,exacta, da Flor de la Mar.
Claro e certo que os cronistas portugueses contaram histórias de naufrágios nos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico e estes, ao longo de vários anos, capítulos têm sido traduzidos para várias línguas e, servido de pesquisa aos historiadores, estrangeiros, que os menos escrupulosos lhe têm acrescentado possiveis e imaginárias localizações com o provérbio: “quem escreve um conto acrescenta-lhe mais um ponto”.
Em 1960, o arqueólogo, marítimo, norte-americano, Robert Marx, tomou conhecimento, pela primeira vez, quando estava a “basculhar” papeis antigos, em Lisboa, do afundamento da Flor-de-la-Mar, que designa o espólio das preciosidadse e, mais milha menos milha, a localização do sitio certo onde se deu o acidente, marítimo, próximo da costa da ilha de Sumatra.
A história dá conta de cerca de 300 naufrágios nas redondezas, de naus portuguesas, inglesas, francesas, holandesas e, não há números exactos de quantos juncos chineses e outras embarcações, tradicionais, da região. Normalmente, o afundamento acontecia, pelo erro de navegabilidade, a ganância de carregar o mais possível de mercadorias, permebialidade dos cascos dos navios que enchiam os porões de água.
Segundo os cálculos, dos entendidos, a Flor-de-la-Mar está a 40 metros de profundidade.
Há fortunas, sem conta, silenciosas, no fundo do mar do Estreito de Malaca. Rota das naus dos países da Europa depois dos anos quinhentistas, encurtando a distância dos caminhos em direcção ao Golfo da Tailândia, Mares do Sul da China e do Japão.
Tesouros que o homem vai experimentando, com teimosia e meios técnicos a sua recuperação.
Até agora pouco, pouco mais foram encontrados que uns pedaços de porcelana da China, de pequenos juncos que não resistiram aos ventos ventos contrários à direccção do rumo tomado.
Os depojos, lá continuam sepultados indeferentes à teimosia do homem em os trazer à luz do dia e aos milhões (falsos ou verdadeiros) de dólares já dispendidos.
José Martins
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