Monday, February 28, 2011

BAIRRO PORTUGUÊS DE SANTA CRUZ EM BANGUECOQUE; PAULA CRUZ DO SIÃO

PAULA CRUZ

(Uma ilustre lusa-tailandesa no Reino do Sião)

Os avós de Paula Cruz, nasceram, no “Ban Portuguete” (Aldeia dos Portugueses), em Aiutaá. Seus pais e ela viram a luz do dia no portuguesíssimo, Bairro de Santa Cruz, em Thomburi; do lado oposto de Banguecoque e junto à margem esquerda do grande rio Chao Praiá.

A antiga capital do Reino do Sião, dos templos, budistas, forrados a folha de ouro, numa noite, no princípio do mês de Abril, do ano de 1767, foi incendiada e pilhada pelas tropas invasadoras do Reino do Pegú.

Junto à margem do rio Chao Prya ( Chao Praiá), havia cerca de 250 anos uma comunidade luso-tailandesa tinha sido formada, num terreno de 2 quilómetros de comprimento e de trezentos metros de largura.

Em absoluta paz, serena, mais de duas mil almas, de mistura de sangue português e siamês foram assistidas, espiritualmente, pelos missionários do Padroado Português do Oriente, em três paróquias: S. Franscisco (dos Franciscanos) S. Domingos (dos Dominicanos) e a de S. Paulo (dos Jesuitas).

Naquela terrível noite de Abril, entre gritos de dor os residentes siameses fogem apavorados, entre os arrozais e florestas, em várias direcções, para assim, se livrarem da soldadesca peguana.

São vagas as informações em cima do número de pessoas que integravam a comunidade lusa-tailandesas no “Ban Portuguete” mas pela existência, e dimensão da área, de três igreja, seriam mais de duas mil almas.

Segundo relatos, ainda hoje, de residentes, católicos, tailandeses (que vivem e morrem no Ban Portuguete) de geração-em-geração ficou, na memória, o facto de que a comunidade luso-tailandesa e a chinesa foram as últimas a renderem-se ao exército do Pegú.

E para que tal tivesse acontecido uma meia dúzia de soldados, birmaneses, entraram no “Ban Portuguete” hasteando uma bandeira branca, para negociarem a rendiçao e, com eles a mensagem do comandante de que nada de mal seria feito aos residentes.

Comunidades do ocidente, além da portuguesa, chinesa, japonesa e malaia eram diminutas. Havia uma, pouco numerosa, de origem holandesa cuja dimensão da área (actualmente em escavações) a descoberto, seriam de pouco mais de umas cinquenta pessoas que se empregavam nos armazéns da Companhia das Indías Orientais, na administração e na carga e descarga da mercancia chegada da Batávia (Indonésia) ou a comprada no Reino do Sião, principalmente a prata do Japão e vendida pela comunidade japonesa para despachar e mercanciar nos portos da Europa.

Outro reduzido número de europeus, residentes, eram mercadores e com as suas residências e armazéns na orla dos rios: Chao Praiá, Pasak e Lopburi é de prever que tenham fugido, em embarcações, para Banguecoque, na altura do pandemónio e do clamor das gentes que viam membros de suas famílias a serem assassinadas e os haveres extinguidos pelo fogo ou roubados, no meio daquela orgia incendiária.

As comunidades portuguesa, chinesa, japonesa e a Malaia são núcleos populacionais, étnicos, já por séculos, estabelecidas em Aiutaá, nutrem a simpatia dos Reis do Sião.

Os monarcas de Aiutaá são tolerantes à propagação de religiões, mesmo que estas não se encaixassem nos designíos da budista e podem os membros das comunidades, praticá-las livremente ou mesmo os siameses optaram por outra em vez do budismo.

A comunidade japonesa, os seus descendentes foram os cristãos perseguidos pelos samurais do Imperador, japonês e os seguidores de Francisco Xavier de quando o Apóstulo da Índia, introduziu, a partir de 1549 o catolicismo no Japão.

Instalaram-se do lado oposto, do Ban Portuguete, na outra margem do Chao Praiá cerca de uns 400 cristãos.

Anos mais tarde o lugar toma o nome de Yamada, um General, que fugido, também do japão, por motivos políticos, exilado em Aiutaá, que grangeia as simpatias do monarca siamês e torna-se um mercador importante.

Não muito distante da comunidade lusa-tailandesa e em direcção ao norte, quedava-se a comunidade malaia que professava a religião muçulmana.

As tropas, invasoras, peguanas depois dos templos budistas ficaram só com as paredes os telhados no chão, profanadas as imagens; pilhadas outras, fundidas em ouro puro e acrescentado toneladas, deste metal precioso, que os templos, sagrados, possuia e ainda outro, na posse dos siameses, abandonaram Aiutaá para o seu país com o produto do saque.

No meio daquela saga destruidora, nada escapa aos incendiários, inclusivamente, o fogo consome toda a literatura; os arquivos históricos siameses que apenas ficaram uns poucos documentos, expostos, presentemente, no Museu Nacional de Banguecoque e nos Arquivos Nacionais algumas estantes, lacadas, que foram, pequenas bibliotecas e guardadoras de livros.

No Ban Portuguete a comunidade lusa-descendente, que sempre ali tenha vivido em plena harmonia, os homens ocupavam-se nas diversas artes, no comércio, servindo o Rei no palácio como guardas reais ou noutros serviços.

As mulheres, a maior parte, das mesmas, de sangue de raízes de lusas ocupavam-se na criação dos seus filhos; no cultivo dos campos e hortas na proximidade do Ban Portuguete onde crescia o arroz e os vegetais para alimentação dos seus.

Durante a invasão, peguana, Aiutaá está despida de gente e de bens. Membros da família real mortos e outros que fugiram da hecatombe.

As comunidades: chinesa, malaia, portuguesa e japonesas estão nos seus territórios, sem terem sido molestados, fazem contas à vida como seria o próximo futuro.

A ex-capital do Reino do Sião com familias dizimadas, outras em debandada para as terras das províncias de Lopburi, Saraburi e mais para o nordeste e, distanciando-se, assim, da fronteira, que demarca, o Sião com o Pegú.

Com isto para se protegerem de novos ataques dos peguanos.

A cidade, que um cronista, francês informou Luis XIV que Aiutaá possuia mais ouro que a França.

As cinzas dos escombros ainda fumegam, quando se levanta o General Thaksin filho de pai chinês e mãe siamesa e, promete a si próprio, que irá, reunificar os siameses; dar caça aos peguanos e expulsá-los do Reino do Sião.

Thaksin, reorganiza os poucos soldados siameses, que restaram da invasão (possivelmente com residentes estrangeiros) e começa a luta sem tréguas puxando os birmaneses para o seu território.

As lutas de Thaksin contra os peguanos ainda não chegaram ao fim. Gentes fugidas, residentes em Aiutaá e destruída durante a invasão, estão de regresso

O grande General além de um excelente e arrojado comandante das forças militares, tem um poder, extraordinário, de organização das massas cujas estas são o seu Povo e as quatro comunidades estrangeiras que sofreram as sevícias da soldadesca do exército peguano.

Aiutaá é para Thaksin “capital queimada” que não pretente, por ora, reconstrui-la.

Não sua mente, existe: reconstrução e Aiutaá e a sua glória, depois da derrota, ficará para mais tarde.

As invasões e derrota de batalhas também, um dia, serão vitória e não menos glórias!

Thaksin escolheu Thomburi, como o melhor ponto estratégico para se defender de previsíveis invasões dos peguanos por terra e pelo lado da foz do rio Chao Praiá que dista a cerca de uns 15 quilómetros.

Por lado terreste, Thaksin está defendido, por uma faixa estreita do território, dos contra-ataques, dos peguanos entrarem no Sião pela fronteira dos Quatro Pagodes (ao oeste na província da Kanchanaburi) e o controlo absoluto de se defender-se dos juncos, armados, na passagem estreita do rio e a poucos metros das bocas de fogo, instaladas, entre ameias portugueses, no fortim de Thomburi.

As tropas do General Thaksin continuam a empurrar os peguanos, das terras do Siamesas.

Thaksin pela sua frente tem a espinhosa missão de instalar as populações desalojadas e despojadas dos bens possuídos, em Aiutaá.

A comunidade lusa-tailandesa encontra-se em absoluta extrema pobreza.

Deslocam-se do “Ban Portuguete” em barcos siameses, com a protecção de Thaksin. Oferece-lhes uma parcela de terreno, para que ali começassem vida nova.

Além, da generosa e valiosa dávida oferece-lhe, também, a madeira para que construissem as suas casas para habitarem e igreja para a continuação, da prática da religião católica, a que por tradição já professavam no Ban Portuguete por mais de dois séculos.

Ao bairro é lhe dado o nome de Santa Cruz.

A designação é o símbolo da Cruz e o lenho que carregaram de Aiutaá e o recomeçar, da estaca zero, nova vida em Thomburi.

Os nomes comunidade são integralmente portugueses. Católicos de pureza extrema e regem-se pela lei, sagrada, dos 10 Mandamentes da Santa Madre Igreja.

Ajudam-se mutuamente e vivem numa comunidade onde a palavra de ordem é a união (ainda hoje assim é): “um por todos e todos por um”. Os homens constroiem o bairro para a vivência da comunidade; as mulheres dedicam-se à confecção do “FoiTong” (os fios de ovos de orígem portuguesas e o doce mais popular em toda a Tailândia), e os queques, também portugueses (já fabricados em Aiutaá) e que nos dias hoje, continuam a ser produzidos no sistema tradicional introduzido há quase 500 anos no “Ban Portuguete”.

Os queques são cozidos em fornos de cavacas e moldados e formas, onduladas, de lata. A “fabriqueta” dos queques, situa-se numa viela estreitinha do bairro, no chão de uma casa construida de madeira de teca tem passado de geração em geração, desde o final do século XVIII e até hoje, o fabrico continua manter-se nas mãos da mesma família.

No Bairro de Santa Cruz nasceu a Paula Cruz com descendência, portuguesa, cujo os seus antepassados, a família Cruz, residente no Ban Portuguete, fora, também, vitíma da caida da capital.

Entretanto, depois de analisar, as fotos de Paula Cruz, o seu rosto não me restam dúvidas que a bela senhora é lusa-descendente e dá-me uma certa convicção que é de orígem, étnica, macaense.

No Bairro de Santa Cruz, nos anos de 1868, nasceu uma verdadeira história de amor entre Paula Cruz Albert Jucker de nacionalidade suiça.

Idílio, absolutamente, desconhecida dos portugueses que vale a pena de ser contada e, meditarmos, sobre a “Alma Lusa” e os impulsos do coração, enorme, que os portugueses possuiem e quando assimilados a pessoas de outras etnias cujo o sangue português lhes corre nas veias.

Albert Jucker um jovem Suiço, nascido de uma família de média classe, com um pequeno estabelecimento na povoação de Winthur, depois de ter concluido a instrução primária e a secundária, partiu para Paris com 19 anos.

Empregou-se numa empresa especializada com negócios na Indochina e com uma filial em Saigão.

Com 22 anos e em 1866, a empresa francesa envia-o para Banguecoque como assistente do director-geral da filial que acabara de inaugurar na capital siamesa.

Seis anos depois, em 1872, Albert Jucker de sociedade com um primo que mandou vir de Winthur fundam a Jucker & Sigg & Cª . Juntam-se mais dois jovens, que Albert manda vir, da Suiça e a empresa em poucos anos volta na maior dentro do Reino do Sião.

A empresa Jucker & Sigg & Cª está sitiada junto ao Bairro de Santa Cruz e nas redondezas os grandes armazens onde as mercadorias era guardadas as importadas ou as para exportar.

O jovem Albert Jucker viva a paredes meias do Bairro de Santa Cruz e no seu quotidiano de ida para o escritória e regresso para casa, pelo seu pé (os automóveis ainda não tinham, sido inventados e chegados ao Reino do Sião) uma jovem luso-tailandesa, por quem se cruzava nesse vai-e-vém, a sua beleza começou a impressionar o jovem Albert e, amá-la em silêncio.

Paula Cruz, lapidava o seu ser, na Escola do Bairro Português de Santa Cruz, cujos mestres eram padres missionários do Padroado Português do Oriente.

Albert Jucker na flor da sua idade e um homem de negócios de retumbante sucesso, como todos os jovens, aspiram formar uma família e ter filhos. Em Maio de 1868 e o Alberto com a idade de 24 anos casa com a bela, lusa-tailandesa, Paula Cruz, na Igreja de Santa Cruz.

Da união matrimonial Paula Cruz brinda seu marido com três filhos e duas filhas.

A cidade de Banguecoque no século XIX era o cemitério dos europeus. A cólera a malária e outras doenças tropicais eram moléstias comuns que dizimavam muita população quer fosse esta siamesa ou europeia. Os banguecoquianos viviam sob o terror das pestes. Gente, ainda com sopro de vida, os familiares aterrorizados, é lançada ao Chao Praiá. Outra, apavorada, deixáva-a, agonizante, nas casas construídas de canas de bambú à espera do último suspiro.

Acodem a esssa pobre gente os missionários adventistas, americanos oferecendo-lhe palavras de conforto. Morrem assim milhares de siameses na época pestosa e com eles alguns dos poucos estrangeiros que viviam na nova capital do Sião, erguida no pântano e ao nível da água do mar.

Albert Jucker, que tinha formado um grupo empresarial, gigante, na capital do Sião morre, vitimado, pela cólera em 1886, com 42 anos!

Deixa Paula Cruz com cinco filhos e uma enorme fortuna.

Paula Cruz corajosamente e sem desânimo coloca-se à frente e administra todas as empresas herdadas do seu marido.

Partiu para a Suiça, e para Winterthur, a terra onde nasceu o seu marido Albert Jucker, talvez ali fique e educar os seus cinco filhos!

Paula Cruz não se adapta aos hábitos e o modo de vida da Suiça.

As saudades do Bairro de Santa de Cruz mortifica a alma da jovem viúva.

Regressa ao Reino do Sião e deixa os seus filhos em Winterthur, entregues a tutores, para seguirem os estudos nos moldes da europeus.

Paula Cruz, uma visionária, bem sabia que as suas numerosas empresas estabelecidas, no Reino do Sião, já virados para os grandes negócios com o ocidente necessitam, no futuro, que os seus cinco filhos as venham administrar.

Paula Cruz, além de admistrar o grupo Jucker & Sigg & Cª é personalidade feminina, grada, na Corte do Rei Chulalongkorn, onde a lusa-tailandesa é a principal fornecedora de peças finas de joalharia para a rainha e as princesas reais.

Foi agraciada pelo Rei Chulalongkorn com o título, real “Mae Phan” assim como já tinha, o monarca siamês, galardoado o seu marido Alberto Jucker com título honorífico: “Cavallier” e acreditá-lo como Cônsul Honorário de Itália

O Rei Chulalongkorn na sua visita à Europa à 1907, numa altura que Paula Cruz se encontrava na Suiça, o monarca, visitou este país e deseja avistar-se e cumprimentar “Mae Phan”.

O Encontro realizou-se em Zurich.

Paula Cruz é a primeira lusa-tailandesa, católica a ser recebida por um Papa e teve uma audiência com Pio X no Vaticano.

Paula Cruz, já em idade avançada, reparte o seu tempo: uns meses em Banguecoque e outros na Suiça.

Os seus filhos tomam conta da administração do Grupo Jucker & Sigg & Cª , em Banguecoque e das filiais espalhadas pelo mundo.

Paula Cruz de idade avançada e de uma vida feliz de tragédia e glória decide passar o resto da vida que tem pela frente, na seu confortável palacete, na Rua Surawongse, a menos de meia légua do Consulado de Portugal.

Na altura sob a gerència do Comendador Goffred Bovo, e cônsul de Itália de que por várias vezes, de 1920 a 1934 é lhe entregue a administração da representação portuguesa no Reio do Sião!

A Casa de Portugal em Banguecoque está nas mãos de um estrangeiro, os interesse portugueses abandonados e os luso-tailandeses igualmente...

Paula Cruz, uma grande mulher, luso-tailandesa, morre na paz serena ao 84 anos em 1934.

Não sei onde repousam os seus restos mortais. Penso que foram transladados para o novo Cemiterio de Nakhon Phaton, a uns 30 quilómetros de Banguecoque, propriedade da Santa Sé, que deu lugar aos cemitérios, católicos dos bairros portugueses; o da Silom Road, onde eram sepultados os católicos, de várias nacionalidades e residentes na capitão do Sião.

Terrenos, sagrados, propriedades dos mortos que neles foram dormir a ternidade foram sujeitos à profanação e à pilhagem, desses espaços para construir residências de padres e freiras, campos para a prática de desportos, cuja obra é:

Da Divina Graça do Espirito Santo dos Apóstulos de Sua Santidade o Papa Sentado num Cadeirão de Oiro no Vaticano!Amen

À margen. Graças a uma brochura editada pela Berli Jucker (nome que substitui a Jucker & Siggs & Cª) em 1982 e, durante as festividades dos 200 anos da existência de Banguecoqu, que mão amiga me fez chegar.

Durante mais de 20 anos dediquei parte da minha vida a investigar a história do passado de Portugal no Reino do Sião.

A história de Paula Cruz, assim como a da lusa-japonesa Maria Guiomar de Pina , apaixonam-me e merecem todo o meu cuidado em continuar a investigar as suas obras, dá-las a conhecer para que não se perca a história no correr do tempo.

Porém na “papelada” velha, dos arquivos da Embaixada de Portugal (infelizmente muito mal cuidada e preservada no século XIX e no XX) nunca encontrei, referênncia que fosse, no livro de Assentos de nascimentos, casamento e óbitos que me dessem conta de Paula Cruz.

Penso que todos os registros de nascimento, baptismo e casamento e até do óbito, foram efectuados na Paróquia do Bairro de Santa Cruz e já seguiram (não me restando dúvidas) para os arquivos do Vaticano, onde neles é missão impossível penetrar nesse santuário político e eclesiástico.

José Martins/Banguecoque 2006

A LÌNGUA PORTUGUESA NA ÁSIA

As fotografias foram apagadas, devido esta peça ser transferida do nosso portal www.aquimaria.com

A língua de Camões no tempo actual é o meio de comunicação de cerca de 300 milhões de pessoa à volta do Globo. É consequentementeo oficial nas instituições, de ensino nas terras que os portugueses povoaram, colonizaram após do começo do século XV e quando se dá início à era da expansão.

Expandiu-se, progressivamente pelas costas Ocidental de África, Índia, Costa do Coramendel, Ceilão, reino do Pegú, Ilhas Samatra, Molucas, China até ao Japão.

Portugal, país de reduzida dimensão geográfica, fundado em Guimarães por Don Afonso Henriques em 1128, estendeu-se até ao Sul que banhado pelo Oceano Atlântico que o privilegiou com a varanda da Europa.

A grei, composta de homens rudes e de alma generosa, nela surge um português ilustre: o Infante Dom Henrique.

Fundou a Escola Náutica de Sagres que o coloca, sem qualquer contestação, numa figura humana de enorme dimensão que transformou completamente o Mundo, no século XVI, graças à sua persistência. O sonho do Infante foi concretizado após a sua morte: as Caravelas de Cristo já navegavam em todos os oceanos da terra.

Mercadores, missionários, do Padroado Português do Oriente, conforme os mareantes lusos largam as âncoras das caravelas nas baías e enseadas nas costas das novas terras descobertas a civilização lusa juntamente com a fé cristã foi introduzida.

Com isto a lígua de Camões, foi por quatro séculos o meio de comunicação entre os países da Ásia, para o comércio, tratados entre países e relações bilaterias, missionários de crenças existente na Europa, a religião católica, em meados do século XVII, o protestantismo.

A língua portuguesa no final do século XVI é falada desde a Madeira,descoberta em 1418, até ao remoto Japão.Os portugueses durante quase um século estão senhores absolutos do comércio do oriente, foi no espaço de 100 anos que milhares de pessoas aprenderam a falar o Português e assimilaram frases de lingua lusa às das suas raízes.

Em todos os portos da Ásia, onde os mercados e a comunidade luso-descendente se instalam, a língua portuguesa ali está a servir de meio de ligação entre a França, Inglaterra e a Holanda, quando estas nações começam a descobrir o "filão" das riquezas do Oriente.

Era assim a importância do português em todo o continente asático: S. Francisco Xavier, o apóstolo das Indías, ao serviço da coroa portuguesa, em 1545 pede a Lisboa que lhe mandem missionários a falar a língua portuguesa. A holanda e o Bantão (Indonésia), em 1596 assinam o primeiro Tratado de Paz e Comércio, cujo texto é redigido na língua portuguesa.

Dois anos depois, Maurício de Nassau, regente dos Países Baixos foi portador de uma Credencial que o acreditava como Representante deste país. Ainda neste mesmo ano (1598), os holandeses colocam uma inscrição pseudo-portuguesa na Ilha Maurícia. Um inglês, comerciante, em 1600 é chamado perante um Imperador do Japão e foi na língua portuguesa que se exprimiu.

Os barcos ao serviço dos holandeses, nas viagens para o Oriente, levam intérpretes para a língua portuguesa. Frei Gaspar de S. Bernardino, em 1606, encontra no coração da Pérsia pessoas que falam o Português. Mergui (Birmânia), onde viveu uma colónia numerosa de portugueses e porto de grande movimento marítimo, a língua lusa era a corrente entre a populaáo local e a transitária. É assim a língua portuguesa o único meio de comunicação entre os povos da Ásia e o mundo ocidental.

Ainda em 1911, os missionários holandeses tinhan por obrigação de ter conhecimento global do português nos territórios sob a tutela da Compania das Indias Orientais.

Voltando ao início da introdução e depois de um século da língua portuguesa já estar firmada e enraizada por todos os países da Ásia,não pode ficar ignorado um estudo do prof. David Lopes sobre a expansão da língua lusa na Ásia: (1609). As autoridades de Urtan (Ilha de Puloway, Samatra) mandaram a Keeling um mercador inglês que falava português com uma carta de um Almirante holandês em língua portuguesa.Muitos habitantes da Ilha de Mhélia (uma das Ilhas Comores) falavam português. (1620) Tratado de Paz e Comércio entre dinamarqueses e o Príncipe de Tanjor em espanhol-português e alemão. (1638).Os moradores de Comores, em frente de Ormúz, falavam português. (1639-1687). Em Batávia, as mulheres da sociedade e os escravos falavam português segundo N. De Graaf. (1646-1658).Os Reis do Ceilão correspondiam-se em português com os holandeses. (1647). O Governador da Ilha Célebes falava bem português, segundo o Padre Alexandre Rhodes. (1661). A língua portuguesa é falada por quase todos os habitantes da Índia, segundo Schouten. (1675). Pregação em língua portuguesa na cidade de Batávia. (1679-1681). Os Reis de Aracão correspondiam-se em português com o Governador-geral da Batávia. (1686). Os jesuitas franceses que iam para a China falaram em português – " que era a língua mais corrente no país" – com o Governador da Batávia, segundo o P. Tachard. (1689). Em Sião, os padres franceses pregavam em português, segundo o P. Tachard. (1698-1704). A Companhia Inglesa das Índias obrigava os ministros da religião a aprender o português. (1708). O português, língua corrente em Batávia, segundo Valentyn. (1708). Os pastores de língua malaia em Batávia representaram ao Governador geral e ao Conselho da Indias pedindo que o culto em língua malaia se fizesse na igreja portuguesa. (1709). Grundler, missionário de Trangambar, afirma a grande utilidade da língua portuguesa para exerc´cio do seu ministério. (1711). A língua portuguesa é uma espécie de língua franca em todos os portos da Índia, segundo Lockyer.(1718). Ma história da Princesa Bilibamba, o heroi principe chinês, fala português, segundo Biervillas. (1723). Indígenas das Ilhas das Ilhas de Nicobar que compreendiam o português. (1724, ou um pouco antes). A língua portuguesa é de uso corrente entre os europeus da Índia, segundo Hamilton"…(1)

A Inglaterra e a Holanda procuram por todos os meios e preço tomarem o lugar aos portugueses na dominação do comércio do Oriente. Os britânicos preferem a Índia, enquanto os holandese se estendem mais ao Sul, navegando nas àguas do mar de Andanam, passam o estreito de Malaca, conquistam esta praça aos portugueses, fixam-se em Samatra,Batávia e em todas as Ilhas do arquipélago que nos dias de hoje são pertença da Indonésia.

A Dinamarca, com presença pouco significativa na Ásia, vai fazendo comércio e ocupam alguns portos da Costa do Coramandel, que não são mais que pontos de apoio logístico a sua navegação. A França deseja seguir as duas potências europeias e balançar,assim, já a dominada o comércio asiático, sem querer envolver-se em lutas. A Ásia é enorme e ali há muito que comprar e vender.

Luis XIV, o Grande intronizado rei de França, na idade do "biberão", aos cinco anos. Um Rei menino e certamente influenciado pelos educadores da Corte, fazem dele um monarca déspota, amante de batalhas e pelas lutas em que França se envolveu, leva a nação a sofrer o revés da miséria.

Luis XIV deseja colonizar apenas o reino do Sião e com o propósito da França ser o pêndulo da balança que pesava as forças inglesas na Índia e as holandesas na Indonésia.

São os missonários jesuitas das Missões Estrangeiras de Paris encarregadas de fazer a exploração da costa marítima do Sião, referenciar os pontos estratégicos em modos de espionagem para depois os transmitirem-nos ao Rei Grande.

Tal nunca viria acontecer dado que o Povo siamês deu conta da conspiração, deu-se um terrível massacre e com isto de missionários franceses já residentes em Ayuthaya. Os que conseguiram escapar, meteram-se em barcos, navegaram pelo rio Mekong e refugiam-se em Phnom Penh, no Cambodja e mais tarde no Vietname e Laos que não tardou a colonizarem estres três países.

A língua portuguesa não pode ser ignorada pelas três maiores potências europeias da época . Sabem os seus governantes que dela s terá de servir a sua gente como meio de comunicação, entre os povos das novas terras ocupadas.

Os novos ocupantes da Índia,Ceilão,Pegú,Malaca e a Indonésia, não era com facilidade que poderiam assimilar as dezenas de dialetos falados no Oriente. O português já estava a ser falado em termos correctos nos portos de toda a Ásia e nos crioulos simplificados – indo-português e malaio-português- o usado nas trocas comerciais.

São os franceses os que mais se servem da língua lusa em toda a Ásia e, aconteceu no Reino de Ayuthaya, onde a língua se tinha desenvolvido enormemente entre a comunidade lusa-descendente, no Bangue Portuguete (Aldeia dos Portugueses), com uma população a rondar as três mil pessoas.

Na outra margem do rio Chao Prya ou Mename, onde a comunidade portugueses vive,situa-se o Campo Japonês, cuja população é composta pelos cristãos perseguidos em Tenagashima e Negasaki pelo Imperador nipónico e os seus samurais.

Para os perseguidos é preferível fugir do japão que renegar a fé que Francisco Xavier tinha introduzido no país do Sol Nascente há mais de um século e ficam assim juntos à comunidade portuguesa onde o calor espiritual da religião da católica os aconchegava.

Chega com os avós do Japão (não há a certeza se nascida na Tailândia) uma ilustre e corajosa, ainda na flor da sua juventude, a luso-descendente Maria de Guiomar .Mulher virtuosa e possuidora de tão enorme generozidade que mais tarde vem a contrarir matrimónio com Constantino Falcão, de nacionalidade grega, que mercê da inteligência de que é dotado chega a ocupar o lugar de primeiro-ministro na Corte do Rei Narai, do Sião.

Os franceses utilizam Constantino Falcão como intermediário entre estes e o Rei Narai. Os missionários jesuitas das Missões Estrangeiras de Paris, servem-se dele para que o Rei Narai se possa converter ao catolicismo com a introdução de clérigos na Corte e, tem de ser a língua portuguesa o meio de entendimento entre o Sião e a França.O Museu de Versalhes conserva nas suas gavetas numerosa correspondência escrita em língua portuguesa, sobre Tratados e outros relações entre as duas monarquias.

A grandeza dos factos caiem, igual, como os impérios!

A língua portuguesa está a extinguir-se no Oriente.

Depois de Moçambique e contornando a Costa da Índia até ao Japão, apenas se fala o português (não em toda a população) em Goa,Timor e Macau.

A esperança que ainda nos resta, a língua de Camões, como oficial, em Timor a lembrar o passado histórico de mais de 500 anos.

José Martins

(1) David Lopes, Antologia da Historiografia Portuguesa II – De Herculano ao Nossos Dias, página 138 – Publicações Europa-América

FLOR DE LA MAR: A BELA ADORMECIDA

FLOR DE LA MAR

A Bela Adormecida

Adormecem, nos abismos dos sete oceanos, barcos portugueses que na procura de outras terras e seguindo o espirito da obra do Infante D. Henrique que aspira (e conseguido) fazer de Portugal um império comercial no contexto das nações do Velho Mundo.

Mas, embora a Obra do Infante fosse concretizado, a grandeza do fruto, expansionista, do seu sonho, não viria a conhecer, o filho de D. João I e D. Filipa de Lencastre, não foi bastante, a sua vida para observar a glória dos tão poucos e da tão grande Obra que doaram a Portugal e consequentemente ao Mundo, da época, ligando o conjunto de etnias; dar-lhes uma nova forma de vida após a descoberta da rota marítima pelo Cabo da Boa Esperança ao oriente e Américas.

O Grande D, Afonso de Albuquerque, animado pela realidade da profécia do Infante, envolve-se no projecto megalómano e arrojado de conquistar os mercados Orientais, depois da tomada da praça de Goa, em 1510, navegar mais ao Sul do Mar de Andaman e adquirir a administração de Malaca; a permuta de mercadorias, ali transaccionada, vindas de todo o Oriente.

A Flor de la Mar, nau de 400 toneladas, construída em Lisboa em 1502. Neste ano e sob o comando de Estevão da Gama (irmão de Vasco da Gama), sulca os mares em direcção à India. A segunda viagem acontece em 1505 e, ao dobrar o Cabo da Boa Esperança sofreu um rombo no casco e, reparada em Moçambique. Participa na conquista de Ormuz, em 1507, na batalha de Diu, em 1509 e na conquista de Goa em 1510 e em 1511 na conquista de Malaca. Afonso de Albuquerque utilizou-a para transportar de Malaca, o espólio tomado na conquista do entreposto comercial rico e o mais significativo de toda a Àsia.

A nau não venceu a tormenta que pairou no estreito de Malaca, na noite de 20 de Novembro de 1512

Ficou sepultada a “bela adormecida”, na base do mar com: ouro, pedras preciosas, obras de arte, mercadorias exóticas, adornos que depois da morte do grande capitão, da Índia, desejaria que estes servissem de vaidade e decoração fúnebre do seu mausoléu.

A Flor de la Mar e a suposta localização, serviu nos anos de 1989 a 1992, assunto discutido e publicitado na imprensa, escrita, do Sudeste Asiático é dá motivo a contravérsias onde se afirma, sem fundamento, que a Malásia disputa com a Indonésia os salvados nas entranhas das águas do estreito. Entretanto, Robert Marx, de nacionalidade americana e um caçador da recuperação de tesouros, que segundo se constou dispendeu 20 milhões de dólares no projecto de trazer â superfície da água as riquezas da nau.

Afirmou ter luz verde para iniciar as operações de salvamento do espólio e, segundo as suas declarações: “o barco mais rico desaparecido alguma vez no mar; com a certeza que a bordo tinham sido carregados 200 cofres de pedras preciosas; diamantes pequenos com a dimensão de meia polegada e com o tamanho de um punho os maiores”.

A nau da desventura continua adormecida, embalada pelas ondas, ao sul do mar de Andaman há 490 anos.

Até quando?

Talvez até sempre.

A última viagem da nau

Partiu de Malaca, sob o comando de Afonso de Albuquerque. O destino era Goa. O ilustre e indomável português da era da expansão,portuguesa, na Ásia, acerbidado de glória por ter dotado Portugal com o controlo e administração do maior centro de permutas de todo o Oriente. Com a Flor-de-la-Mar, navega a nau Trindade e um junco chinês. Afonso de Albuquerque ordena o carregamento na sua nau, Flor de- a Mar, os troféus da conquista.

Embarcadas mulheres, artesãs, hábeis na arte de bordar o fio de seda. Jovens dos dois sexos, filhos de nobres do Cabo de Camorim, para servirem a Rainha Dona Maria no Paço da Ribeira.

Finas decorações trabalhadas em madeira de Sândalo e Rosa, barras de ouro puro, ornamentos que serviram de cobertura no dorso de elefantes, nas grandes cerimónias quando o Sultão de Malaca os montava. Liteiras ricas de uso pessoal do sultão, revestidas a prata e ouro fino. Dois leões em ferro, retirados da tumba de um sultão de Malaca, para servirem, depois da morte de Albuquerque, guardas do seu túmulo em Goa.

Um infindável montante de pedraria, para depois meticulosamente seleccionadas para oferecer ao Rei Dom Manuel. Esta oferenda seria o testemunho da conquista e gratidão para com o Rei Venturoso de lhe ter conferido a honraria de Vice-Rei da Índia. Junto, com tão fino espólio, ía uma espada, cravada de diamantes e um anel de rubi, oferta do Rei do Sião a Dom Manuel I, presente do monarca siamês, pelo encetamento das relações recentes. Unicamente, foi apenas isto, que o grande Albuquerque conseguiu salvar, a sua vida e de mais quatro pessoas.

A Malásia e a Indonésia o tesouro afundado

A fortuna suposta existir na naufragada nau, partida em dois quando fustigada pelos “maus ventos” naquela noite trágica foi motivo, de entrevistas e sem valia de veracidade das disputas entre os Governos malaio e indonésio. Um e o outro reclamam o direito ao espólio afundado. A querela: guerra fria e surda, supostamente nunca teria existida foi incrementada nos anos 1991/92: Tudo isto se ficou a dever ao sensacionalisno, da divulgação, dado pelos jornais de alguns países do Sudeste Asiático.

O jornalista Tony Wells na revista “Skin Diver” escreve um artigo que cobre várias páginas e na capa: “80 biliões de dólares perdidos e descobertos”. O articulista historia Malaca, dá-o como o mais rico porto de toda a Ásia e alonga-se no naufrágio da Flor de la Mar. A peça, é ilustrada com várias fotografias onde estão porcelanas decorativas e uma estátua, a saltar à vista como se fosse de ouro

Não houve provas que os objectos tivessem sido da nau de Albuquerque. Rumores, circulados, as peças teriam sido compradas num antiquário e mais não serviram para uma notícía de cariz impostora. A té ao momento não há uma sólida evidência da localização,exacta, da Flor de la Mar.

Claro e certo que os cronistas portugueses contaram histórias de naufrágios nos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico e estes, ao longo de vários anos, capítulos têm sido traduzidos para várias línguas e, servido de pesquisa aos historiadores, estrangeiros, que os menos escrupulosos lhe têm acrescentado possiveis e imaginárias localizações com o provérbio: “quem escreve um conto acrescenta-lhe mais um ponto”.

Em 1960, o arqueólogo, marítimo, norte-americano, Robert Marx, tomou conhecimento, pela primeira vez, quando estava a “basculhar” papeis antigos, em Lisboa, do afundamento da Flor-de-la-Mar, que designa o espólio das preciosidadse e, mais milha menos milha, a localização do sitio certo onde se deu o acidente, marítimo, próximo da costa da ilha de Sumatra.

A história dá conta de cerca de 300 naufrágios nas redondezas, de naus portuguesas, inglesas, francesas, holandesas e, não há números exactos de quantos juncos chineses e outras embarcações, tradicionais, da região. Normalmente, o afundamento acontecia, pelo erro de navegabilidade, a ganância de carregar o mais possível de mercadorias, permebialidade dos cascos dos navios que enchiam os porões de água.

Segundo os cálculos, dos entendidos, a Flor-de-la-Mar está a 40 metros de profundidade.

fortunas, sem conta, silenciosas, no fundo do mar do Estreito de Malaca. Rota das naus dos países da Europa depois dos anos quinhentistas, encurtando a distância dos caminhos em direcção ao Golfo da Tailândia, Mares do Sul da China e do Japão.

Tesouros que o homem vai experimentando, com teimosia e meios técnicos a sua recuperação.

Até agora pouco, pouco mais foram encontrados que uns pedaços de porcelana da China, de pequenos juncos que não resistiram aos ventos ventos contrários à direccção do rumo tomado.

Os depojos, lá continuam sepultados indeferentes à teimosia do homem em os trazer à luz do dia e aos milhões (falsos ou verdadeiros) de dólares já dispendidos.

José Martins